Rhett e Link

Oi gente! Achei um vídeo que desperta uma discussão interessante. Chama-se Dando uma surra em um moleque de 14 anos:

Parece uma piada, né? Mas rendeu uma conversa muito bem-humorada.

A publicação foi em 05 de outubro de 2012, pelo famoso canal humorístico Good Mythical Morning estrelado pelos velhos amigos Rhett McLaughlin e Link Neal (depois eles serão devidamente apresentados). Nessa gravação eles estavam com (quase) 35 e 34 anos de idade, respectivamente. Rhett é o rapaz à esquerda, de camisa azul, barba e cabelos castanhos, e Link é o da direita, de óculos, camisa de riscas e cabelos pretos.

Nesse vídeo eles relembram uma levadice que haviam feito cerca de 20 anos antes, quando ainda eram dois adolescentes entediados em sua minúscula cidadezinha chamada Buies Creek, na Carolina do Norte. O assunto é puxado no ponto 3:45, após os dois comentarem as diferenças entre as prisões americanas e as prisões suecas.

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LINK: Mas como eu disse, isso me lembrou de uma experiência de minha infância, ou na verdade, de muitas… que de algumas formas são o oposto disso. Nós faríamos alguma coisa e os dois estariam encrencados, mas aí você iria para a sua casa e receberia uma punição dos seus pais, e aí, eu iria então… A minha mãe aproveitaria a sua punição para mim, às vezes!

RHETT: Ela olhava para os meus pais para ver o nível de disciplina, e aí ela administraria isso em você.

(…)

LINK: Vamos pegar um exemplo específico. Vamos contar a eles sobre a história do telhado, e o que aconteceu lá.

RHETT: Ok! Isso foi quando tínhamos 14 anos, mais ou menos no mesmo tempo em que estávamos trabalhando em nosso magnífico primeiro filme amador, Magnus Opus Gutless Wonders. 

LINK: Então, estamos falando de moleques de oitava série?

RHETT: Sim, acho que era temporada de verão, então, se eu tinha 14, isso foi logo antes de eu entrar no ensino médio. Então foi no ano de pré-calouro do colegial. Já comentamos antes, em episódios anteriores aqui no Good Mhytical Morning, que Buies Creek era um lugar consideravelmente chato durante o verão. Você tinha que criar a sua própria diversão! Claro que uma das coisas legais de Buies Creek é que tinha a Universidade Campbell, então, dois moleques de 14 anos tinham acesso a esse campus enorme.

LINK: Então, a coisa que a gente fazia era entrar nos prédios e explorar.

RHETT: E quando podíamos, tentávamos chegar ao telhado dos referidos prédios…

LINK: Bom, acho que isso, em primeira instância, foi o que nos inspirou a fazer aquilo, porque uma coisa de que me lembro é de entrar no prédio da administração, a gente estava subindo pela escadaria, só indo acima, e você olhou: “Oh, tem pessoas nesse andar! Vamos ao próximo andar! Tem mais gente nesse andar! Vamos subir mais!” Sei lá o que a gente estava procurando! A gente só curtia causar, ou qualquer coisa assim. A gente não ia roubar nada, só bisbilhotar…

RHETT: A gente ia contrabandear alguma coisa ali.

LINK: Não, não íamos. Mas então, eu lembro de ver pessoas em todos os andares, até que a gente chegou ao topo da escadaria, e lembro que olhamos para cima… E havia um alçapão.

RHETT: Sim.

LINK: E lembro que a gente olhou para o alçapão… E olhamos um para o outro.

RHETT: E estava aberto.

LINK: Olhamos para o alçapão, olhamos um para o outro, não dissemos nada. Você não precisa dizer nada. Sabe, você é um moleque, e está com outro moleque, você está em frente a uma escadinha que leva a um alçapão. Sabe como é, não tem discussão! Você foi primeiro.

RHETT: Então, nós subimos pela escadinha, e vemos bem à nossa frente o telhado da faculdade de administração, que era coberto por pedrinhas brancas redondinhas. Era um daqueles telhados…

LINK: Era um telhado plano!

RHETT: Na verdade, as pedrinhas tinham mais o tamanho de pequenas rochas, elas eram dessa largura até uns dois centímetros e meio, aquelas pedras brancas por toooodo o telhado… E lá estávamos nós, em cima do telhado do prédio de três andares, com pedras brancas por toda a nossa volta, bem na frente da rua principal de Buies Creek. 

LINK: E novamente: nós olhamos as pedras… Olhamos um para o outro… Olhamos para as pedras… Olhamos para o topo do prédio… Olhamos um para o outro… Não tem necessidade de discussão! Sabemos o que vamos fazer.

RHETT: Vamos começar a atirar pedras lá embaixo.

LINK: Vocês não atirariam?

RHETT: Em todas as direções.

LINK: Só por atirar!

RHETT: Tipo, uma por vez…

LINK: Duas por vez…

RHETT: Várias para o alto…

LINK: Em quantidade! Olha, parece chuva, mas são pedras!

RHETT: Então, começamos a escolher as menorzinhas, porque não éramos babacas, sabem… Éramos só um pouquinho levados! Pegamos as pedrinhas menores e as atiramos em carros… Que estavam passando na rua principal.

LINK: Eu não fiz isso, acho que não…

RHETT: Só passava, tipo, um carro a cada sete minutos em Buies Creek.

LINK: Não lembro de ter feito isso per se… Talvez você tenha feito isso.

RHETT: Não atingimos ninguém!

LINK: Eu não me lembro.

RHETT: Elas só davam uma batidinha no para-brisas, e o pessoal olhava em volta, tipo pensando: “O que está acontecendo?” Enfim, tivemos a nossa diversão! Então, ainda estávamos lá em cima, e de repente, do nada…

LINK: Lembro de ter escutado: “Meninos?” … Olhamos para baixo, olhamos um para o outro, olhamos para baixo… E imediatamente reagimos recuando para longe da borda, percebendo que quem quer que estivesse gritando “Meninos!”, estava provavelmente falando com a gente, porque o pessoal tinha visto a gente lá em cima, então fugir seria meio… fútil! Então eu lembro que a gente meio que se afastou, mas então voltamos para a beira, e demos uma olhada. Adivinhem quem vimos lá embaixo?

RHETT: Leonard Johnson.

LINK: Vocês não conhecem o Leonard Johnson?

RHETT: Pai da Lisa Johnson.

LINK: Lisa Johnson era…

RHETT: Eu era a fim da Lisa Johnson.

LINK: Holly Womo e Lisa Johnson, você voaria para as casas delas em seus sonhos.

RHETT: Em meus sonhos, sim.

LINK: E o pai dela estava lá embaixo, olhando para a gente e dizendo. “Meninos, são vocês que estão jogando pedras?” Eu meio que disse, “Não, não, deve ser outra pessoa que está aqui jogando pedras!”

RHETT: Não, eu lembro que a gente só ficou em silêncio! Foi meio que assim… (imita reação silenciosa)

LINK: Sim, tipo, não se incrimine! Use o direito de ficar calado!

RHETT: Não, há outros caras atrás da gente, aqui no prédio!

LINK: Sim, não dissemos nada.

RHETT: Meio que só ficamos quietos… E então ele entrou!

LINK: Ele entrou!

RHETT: Ele entrou…

LINK: E então, ok, ficamos tipo… Ele está vindo atrás da gente… Então corremos! Corremos lá para baixo como se estivéssemos em uma simulação de incêndio, saímos do prédio, subimos em nossas bikes ou sei lá, e fugimos de lá. Escapamos! Saímos de lá ilesos! Sim, conseguimos!

RHETT: Então, o resto do dia passou, e eu eventualmente voltei para a minha casa, e o meu pai, que dava aulas no curso de verão, ou eventualmente estava lá na faculdade lecionando no curso de Direito, chegou em casa na hora do jantar. Mas em vez de só chegar em casa, tirar seu casaco, sentar, ele vem direto até mim, e diz: “Tenho algo para falar com você. Venha comigo. Vamos para o quarto.”

LINK: Vamos para o quarto?

RHETT: Então eu entro lá, me sento… Deixem-me fazer um prefácio com o fato de que naquele tempo eu tinha 1,90 m de altura. Um e noventa!

LINK: Mais alto do que eu hoje!

RHETT: Meu pai tinha 1,60 m. 

(Link dá risada)

RHETT: Ok, e ele ainda tem! Ele já vinha olhando para cima para falar comigo por alguns anos, naquele tempo!

LINK: Ok!

RHETT: Bom, durante nossos anos de formação, meus pais castigavam a mim e ao meu irmão de vários jeitos diferentes. Um deles era spanking, ok? Apanhávamos em uma base consideravelmente regular.

LINK (irônico): É um método convencional de disciplina.

RHETT: Mas na época eu tinha 14 anos. Estava, tipo, eu tenho 14 anos, não vou mais apanhar!

LINK: Também não vai mais atirar pedras do telhado da faculdade, vai?

RHETT: Certo! Então, ele diz: “O Leonard Johson passou aqui hoje.” Sim, Leonardo Johnson, o pai da Lisa Johnson… Sou a fim da filha dele, mas não vou te falar isso! 

(Link dá risada novamente)

RHETT: “Ele disse que viu você e o Link jogando pedras do telhado da faculdade de administração, em carros… (pausa) É verdade?” E eu disse…

LINK: Você estava pensando em um jeito de fugir, certo?

RHETT: Não tinha como escapar do meu pai! Ele estava no controle. E eu falei meio que, “Sim, é verdade.” Timidamente, disse: “Sim, é verdade.”

LINK: Isso não é algo de que se orgulhar.

RHETT: E ele diz: “Ok, curve-se.”

LINK (rindo): Foi isso? “Curve-se”?

RHETT: E eu fiquei, tipo, ele vai mesmo bater em mim? Ele vai bater na minha bunda!

(Link ri)

RHETT: Eu tenho um metro e noventa!

LINK: Não quando você se curva!

RHETT: Para encurtar a história: eu me curvo, e recebo, talvez duas…

LINK: Só duas?

RHETT: Duas cintadas-relâmpago. (faz o gesto)

LINK: Oh, ele te bateu com um cinto?

RHETT: Claro! Agora, escutem, não sei o que vocês acham de castigo corporal. É assim que se chama?

LINK: Isso, está certo.

RHETT: Tudo o que sei é, sabem o que nunca mais fiz? Nunca mais joguei pedras do telhado da faculdade de administração. Só devo ter atirado pedras do telhado da faculdade de artes!

LINK: Você não me ligou naquela noite! A gente foi para a escola no dia seguinte, você chegou até mim e contou o que tinha acontecido, e também me disse que você estava de castigo por uma semana, somando a ter apanhado, você estava de castigo por uma semana. E minha reação foi, tipo. “Oh, que droga para você, cara!” Até eu chegar em casa naquela noite, e minha estava meio que, “Link, falei com o Jimmy e a Diane, e soube do que você e o Rhett fizeram… E você também está de castigo por uma semana.”

(Rhett ri)

RHETT: Ela não disse, “Curve-se”!

LINK: Ela não disse, “Curve-se”!

RHETT: Porque você, ao contrário de mim, nunca apanhou, o que explica muita coisa! É por isso que você não é bem-comportado! Por isso você é tão sem noção!

LINK: Eu apanhei algumas vezes quando era criança.

RHETT: Da sua mãe?

LINK: Não, do Jimmy. Meu padrasto naquela época.

RHETT: Ah, sim!

LINK (irônico): Ele me batia, e eu merecia. E sou a favor disso.

RHETT: Sério?! Ok, vamos gravar um outro episódio…

LINK: Não! Sou a favor disso para mim, naquele tempo! Vou esclarecer!

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Os comentários foram abundantes, a maioria elogiando o roteiro, a capacidade de improviso e a dinâmica da dupla, alguns lamentando/citando as próprias experiências de spanking, outros opinando contra ou a favor do método. Mas o que vem ao caso mesmo, é que Rhett e Link, além de ter uma sintona fina, também sabem usar uma ironia fina

E finalmente, quem são esses humoristas carismáticos, que já foram aqueles guris levados atirando pedras de telhados lá pelos anos 90?

São os velhos amigos Rhett James McLaughlin e Charles Lincoln Neal III, ambos nascidos no final da década de 70. Rhett e Link se conheceram no ano de 1984, quando começaram a frequentar a escola primária de Buies Creek. Logo tornaram-se inseparáveis, foram crescendo juntos, e aos 14 anos resolveram começar a escrever músicas e gravar filmes de brincadeira. Os dois entraram na mesma faculdade, cada qual em um curso diferente, até que após a formatura e alguns anos de carreira, em plena Era YouTubeana, a dupla resolveu pedir demissão dos respectivos empregos e começar a viver de seu canal humorístico, que vem bombando desde sua estréia em janeiro de 2011, conquistando mais de 18 milhões de seguidores e acumulando mais de nove bilhões de visualizações e inúmeras curtidas. Atualmente, ambos têm esposas e filhos: Rhett tem dois guris, e Link é pai de dois guris e uma guria.

Na época dessa levadice (que pelo que eles contaram, deve ter acontecido por volta de julho de 1992), os dois tinham essas aparências. Realmente, o Rhett era um gurizão gigante…

Seguem mais algumas velhas fotos desses amigos-irmãos.

E fica a pergunta de um milhão de dólares: afinal, os spankings serviram para corrigir o comportamento desses dois?

Evidentemente, não. Eles continuam aprontando até hoje, hehe!

E então, o que acharam?

Pessoalmente achei uma reconstituição divertida e bem-humorada de surras da juventude, mas sem aquela pegada de auto ridicularização do Timeless Tim. A maneira como eram punidos pode ter sido bem representativa dos costumes americanos em cidades pequenas de uns 20 – 30 anos atrás, em muitos aspectos semelhante a como os pais de alguns comentaristas do blog faziam.

Acredito que o humor do Rhett e o do Link se torna mais agradável porque eles colocam quase todo o foco na levadice que fizeram, usando uns tons bem-humorados para descrever a aventura, sendo o spanking apenas um detalhe em cima do qual eles usam uma ironia fina, sem ridicularizar explicitamente nenhum dos envolvidos. Fica evidente que o pai do Rhett era o tipo sisudão, daqueles que entravam em casa de cara séria e não falavam muito com a família, e que a mãe do Link era a típica Maria-vai-com-as-outras (tanto que tinha os pais de Rhett como gurus, e permitia que o parceiro, no caso, padrasto do filho, batesse no guri), mas eles em momento algum colocam mais ênfase nisso do que na graça de ter subido no telhado da universidade para ficar atirando pedras na rua e em carros. É mais uma reconstituição de uma brincadeira da adolescência do que de um castigo corporal per se. E fica claro que nenhum dos dois aprova isso, eles só usam argumentos irônicos e colocados nas linhas certas.

Já o Tim cria um clima meio aterrorizante porque todo o enredo dele é focado nos spankings, do início ao fim, já deixando óbvio qual vai ser o desfecho daquela levadice. As animações dele também prendem a atenção e falam sobre levadices de juventude, mas sempre com aquela “assombração” da ameaça ou da certeza de um spanking, com ênfase nos instrumentos, etc. Além disso, o pai do Tim curtia fazer um terror psicológico e usar sarcasmos para tripudiar dos filhos, enquanto o pai do Rhett “pelo menos” foi direto ao ponto: “Venha comigo, Aprontou? É verdade? Curve-se.” E duas cintadas. Evidentemente foram desnecessárias, mas não vemos aquele grau de violência das surras do Tim, que levava múltiplas chapoletadas, muitas vezes sendo obrigado inclusive a baixar as calças para apanhar. Sem falar na relação quase tóxica que ele tinha com o irmão, o que cria um incômodo adicional. A amizade do Rhett e do Link é genuína, isso fica claro até pela forma como eles interagem nas gravações.

last but not least, o Tim tem uma postura dúbia com os spankings. Ele expõe em dezenas de vídeos como apanhava na adolescência (e às vezes, na infância), de certa forma fazendo um tipo de denúncia contra os pais, mas ao mesmo tempo tripudia dos “colegas brancos bundas moles que não apanhavam” e não deixa de fazer uma certa campanha dando a entender que aprova castigos corporais. Fica um pouco confuso, além de desconfortável, pois depois de ver toda aquela brutalidade, ainda somos “obrigados” a ouvir que ele acha tudo aquilo normal e correto (mesmo que ele só esteja forçando a barra e não “acredite” nisso de fato, afinal, ele não bate no próprio filho). 

Mas essa reconstituição da dupla Rhett e Link não ficou pesada de assistir, porque dá para se divertir relembrando de coisas que muitos aqui aprontavam no passado, e no final eles até colocam o spanking como motivo de estranhamento, pois o Link não apanhou – só ficou de castigo – e pareceu achar inusitadas aquelas duas cintadas levadas pelo Rhett. Ainda mostram que o “método” não funciona (ao contrário do Tim, que recorrentemente diz que “os spankings funcionavam para ele”, embora ele continuasse aprontando), através de comentários como “nunca mais joguei pedras do telhado da faculdade de administração, só da faculdade de artes”. Ou seja, eles continuaram sendo adolescentes normais, que têm umas ideias doidinhas na cabeça mas não passam muito de umas levadices triviais. O Tim passa a impressão de ter feito umas coisas mais sérias (consequência de já ter apanhado tanto que nem ligava mais, e se tornou imune aos spankings?)

Agora, a pergunta de dois milhões de dólares: é saudável fazer uma abordagem assim, leve e divertida, das surras do passado? Pois não deixa de ser uma maneira de “passar pano” nessas surras. Compensa?

Eu tenho o palpite que sim, pois o foco ficou mais na aventura do que na surra, esta apresentada como uma consequência desagradável e inútil, mas a mensagem passada foi que o divertido da aventura era compensador – e assim a surra fica desmoralizada, sem que ninguém precisasse ser ridicularizado.

5 ideias sobre “Rhett e Link

  1. Milena

    Acho que ficou mais fácil pra ele brincar com o assunto porque o pai dele bateu pouco. Blz que cintada é cintada e dói sempre (difícil apanhar com cinto e não sentir nenhuma dor) mas pareceu que o pai bateu mais pra deixar incomodando e pra assustar um pouco o filho, não foi como aquelas surras dos vídeos do outro menino e de alguns contos daqui. Ali também já não tem como ver nada de divertido né. Levar um monte de cintadas na bunda pelada como faziam com as suas personagens, apanhar várias chineladas ou varadas direto na pele, e alguém vai rir disso? Está louco, aí eu acho que a pessoa só consegue rir se tiver algum probleminha. Não sei como eram as surras do sr. no seu tempo mas acho que pro sr. achar que levar um monte do cinto no bumbum de fora não é nada tão grave e que dá pra suportar, é porque levava umas surras de tortura mesmo. Não sei também se hoje o sr. ri dessas coisas mas eu nunca vi graça nisso de dar risada de ter apanhado (muito menos rir de surra dos outros). O meu irmão quando já era grandinho levou cintada por cima da calça jeans e ficou com marca, e quem bateu foi a minha mãe que não é nenhuma gigante. Esse menino Tim apanhava tanto que deve ter problema bumbum até hoje, coitado. Mas esse desse vídeo de agora deve ter ficado mais no susto. Aí ele conseguiu lembrar disso quase igual se lembra de um castigo ou de uma bronca mais séria, por isso ele não deve ter ligado tanto pra essas duas cintadas, acabou se ligando mais na bagunça com o amigo.

    Bjs! Milli

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    1. adolespanko Autor do post

      Olá, Milena!

      Com certeza ele só conseguiu abordar o assunto de forma bem humorada porque o pai dele bateu pouco. A questão é: ele devia ter feito isso? Pois mesmo surras brandas, se você ri delas, de algum modo está passando a mensagem de que elas são uma coisa a toa, e que até compensa fazer uma travessura. Não sei qual era a reação do seu irmão ao rememorar as surras, se ele ria e fingia que não doía para debochar da mãe, se ele não escondia que estava magoado, ou se simplesmente não falava do assunto.

      Não sei dizer exatamente como eram as surras no meu tempo, porque nunca apanhei nem presenciei alguém apanhar, e aliás é por isso que eu tenho tanta facilidade em romantizar e minimizar surras em meus contos.

      Bjs.

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  2. Liam

    Oi, gente!

    Eu simpatizei com esses dois carinhas, mas na minha opinião, não é muito legal falar de surra como se fosse uma coisa cômica. Tenho um irmão (o mais velho) que adora fazer isso, e até hoje ainda fica mandando memes e vídeos engraçados no whatsapp e em outras redes sociais, alguns zoando os pais que batiam, outros zoando os filhos que se fazem de bonzões mas sempre acabam derrotados pelo chinelo da mãe. Acho que se ele ainda sente necessidade de falar sobre essas coisas, deveria ou conversar com os nossos pais (se achar que vale a pena), ou fazer uma terapia, mas não ficar caçando e compartilhando esse tipo de brincadeira, muito menos no nosso grupo da família. Principalmente porque já saquei que a minha mãe não gosta. Antes ela reagia com emojis e comentários irônicos como “ha ha, seus engraçadinhos”, agora ela nem responde mais.

    Mas rir das presepadas, isso sempre! 😉 Acho que até se eu fosse mãe desses dois, ia dar risada dessa história de jogar pedras do telhado, kkkkkk! Imaginaria os dois manés lá em cima, fazendo chuva de pedrinhas, e acho que não ia segurar o riso… Obviamente eu falaria para o meu filho não fazer mais isso, e para agradecer pela sorte de não ter caído do telhado e nem machucado alguém lá embaixo com as pedras voadoras, mas também não me estressaria muito. Cidade pequena dos anos 90 era assim mesmo. Eram tempos pré-internet (e videogame era mais complicado, não dava para ficar horas e horas jogando), a molecada ficava entediada e ia arrumar o que fazer… Pelo menos não faltava criatividade. 😉

    Beijos!

    Resposta
    1. adolespanko Autor do post

      Olá, Liam!

      O que não dá para duvidar é que apanhar na juventude é uma experiência que marca, que as pessoas desejam extravasar de alguma maneira, e isto pode ser feito de maneiras “mais ou menos saudáveis” conforme o grau da violência sofrida, no hiato entre o caso do Rhett e o do Timeless Tim.

      O seu irmão me pareceu que não extravasa de uma maneira muito legal. Às vezes ele quer zombar dos pais que batiam, mas outras vezes ele quer inverter os papéis e zoar dos bonzões que se dão mal. Não acredito que ele planeje materializar essa inversão na vida prática batendo nos filhos, mas a propensão existe. Qual seria a maneira saudável dele lidar com isso? Uma terapia? Ou conversando a respeito com a mãe? Aí não vou me arriscar a dizer.

      Pois é, nos tempos pré-internet a molecada ficava mais solta e era mais criativa nas travessuras, mas os pais também eram mais criativos nas reprimendas… Hoje em dia se discute muito se é mais perigoso viver solto no mundo real ou no mundo virtual, e alguns pais pouco antenados com os tempos modernos até ficam aliviados quando veem os filhos quietos em casa só conectados na internet, pois “não estão fazendo bagunça na rua”, sem notar que eles podem estar envolvidos em atividades bem mais perigosas do que subir no telhado para atirar pedras. E o castigo “moderno” é deixar a molecada sem celular e sem computador. Muitos estão tão viciados que até dizem que preferiam apanhar, embora eu duvide de que manteriam essa posição se soubessem como é uma surra.

      Bjs.

      Resposta
      1. Liam

        Oi, Adolespanko!

        Acho que o meu irmão faz essas coisas mais para encher o saco dos nossos pais, e também para se convencer de que as surras que ele levou “funcionaram”. Ele não tem filhos, mas tem vontade de tê-los, e duvido muito que ele fosse pensar em bater em alguma criança. Para começar, ele é um cara enorme (totalmente o contrário de mim), o mais alto da família. Só um tapa dele já quebraria uma criança ao meio, e o chinelo dele mais parece uma prancha de surf. Ele não seria louco de encostar em alguém. E outra coisa é que apesar de falar essas besteiras, ele é uma pessoa muito doce, tipo o gigante gentil. 😉 Ele fica feliz por eu não bater nos meus filhos, e é um tio carinhoso de tudo, sempre gostou de nos visitar (e de receber a nossa visita) e mimar os meus filhos até não poder mais. Tem várias fotos do meu irmão, com todo aquele tamanho, segurando os meus filhos bebezinhos na maior delicadeza, e com aquele olhar de tio amanteigado. Não parece que ele seria o tipo de pessoa que se sentiria confortável descontando os tabefes que levou dos pais em uma criança, acho que ele arrumou outros jeitos de fazer isso.

        Concordo que ficar nesses memes e piadas não é um jeito legal, porque assim ele não está lidando com o problema, só está fazendo humor do assunto. Se ele tentasse conversar com os meus pais, acho que ia dar tarantela, por isso eu nem vou dar essa ideia…

        Mas eu ainda quero bater um papo com os meus pais sobre isso, seguindo aquele seu conselho. Só acho que vou esperar um pouco. Daqui a alguns meses irei passar férias na casa deles e levar as crianças, acredito que vai ser o melhor tempo para a gente conversar sem cair em tiro, porrada e bomba. A minha mãe já anda mais calma (pelo menos comigo), acho que de alguma maneira ela percebeu que alguns comentários e interferências não são bem-vindos, e está respeitando isso.

        Tanto internet quanto vida lá fora podem ser ótimos ou perigosos, depende de muitas coisas. A molecada manda muito bem em usar a internet para estudos e trabalhos escolares (os meus filhos já descobriram vários canais de ciências, geografia e outros conteúdos educativos), e isso é muito bom. Eles ficam com mais autonomia e aprendem várias coisas úteis. Mas se o uso da internet é descontrolado ou não supervisionado, pode dar ruim mesmo. Tem muita gente mal intencionada nessa web, e crianças às vezes não percebem que estão entrando onde não devem. Os pais e a escola precisam ensiná-las a usar bem as ferramentas digitais, falar sobre os riscos (sem tabus), e manter os olhos bem abertos.

        Já a vida fora de casa e o tempo que as crianças passam nas ruas variam de lugar para lugar (internet, nem tanto, pois essa vai mostrar as mesmas coisas qualquer que seja o local de acesso). Tenho amigos que moram em metrópoles e criam os filhos lá. A vida é outra, mesmo para quem mora em bairro bom… A molecada passa bastante tempo na escola, em casa e em espaços fechados. Ninguém solta filho na rua. Já onde eu moro, mesmo sendo cidade, dá para os meus filhos brincarem mais à vontade, porque são casas geminadas, todas juntas, e bem na frente do nosso conjunto de casas tem um gramadão e muitas árvores. É área coletiva, não é condomínio fechado, por isso tem mais espaço ainda. Mas a gente não deixa eles tão soltos quanto eu ficava no meu tempo, porque na verdade, ninguém mais deixa (nem o pessoal da vizinhança). Acho que hoje já não é mesmo comum criança andar sozinha por aí, isso já era. O que dá para fazer é ficar olhando da varanda de cima enquanto eles brincam no gramado, mas sempre falamos para ficarem só em nosso campo de visão, e não deixamos de olhar. Na maioria das vezes a gente desce junto, e solta eles mais um pouco com a bicicleta ou o patinete.

        Só não é mais como naqueles tempos em que os nossos pais nem sabiam por onde a gente andava, e quando acontecia alguma coisa (tipo alguém quase ser atropelado, perder o cachorro, sumir na mata, tomar um caldo na praia, ter a bike roubada), ainda achavam que a culpa era nossa! 🤦🏻‍♀️ Lei da selva, kkkkkk! 😉😆

        Beijos!

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